segunda-feira, 28 de junho de 2010

#2 Pescaria fortiva

Ele não notou que tudo em redor era diferente.
Os outros seres apenas eram mais uma coisa insignificante que rodeavam o grande peixe das correntes norte.
Nem o canto das sereias agora fazia o efeito constrangedor de atenção persistente.
Todos apenas pediam que tudo volta-se ao normal, que o ecossistema encontra-se o equilíbrio, que se obtivesse a homeostasia.
A crença num Deus desapareceu, apenas restavam recordações de tempos (in)felizes que se prolongavam nos pensamentos.


Mas o que é que era preciso para que ele se apercebe-se de tudo em seu redor? Quem estaria a altura de lhe abrir os olhos? Seria assim tão compensador pescar o Grande peixe azul? Seriam apenas os outros tão insignificantes ao ponto de não serem ouvidos? Será que ele estaria a utilizar a técnica piscatória certa para acabar de vez com aquele sofrimento?





(continua)

2 comentários:

helder disse...

duas situações possiveis:
1. devia atirar-se a agua, nadar com o big peixe azul, e esperava que o big peixe fosse um tubarao e lhe desse uma trinca, assim acordava logo.
ou
2. continuar com os jogos a volta do lago, fazer da sua vida uma redundancia a volta do blue fish e continuar "feliz" e "contente" como pensa que é...

Lua Escondida* disse...

Exacto, "como pensa que é" porque na realidade ele não pode ser assim tão feliz por gostar só e apenas daquele peixe. Aliás, ele não gosta, ele é obcecado e isso faz com que as belezas que o rodeiam passem ao lado. E ninguém, nunca, lhe vai conseguir abrir os olhos porque ele não vê outra coisa e acha que assim é que a vida deve ser...
Precisamos de muito mas muito mais para sermos realmente felizes...